A ponte que liga dois mundos…
Por: Hyggo Almeida
(05 set 2019)
Tenho participado de projetos de pesquisa e desenvolvimento em cooperação com a indústria desde 2002, inicialmente como aluno de mestrado, depois como aluno de doutorado e, desde 2006, como pesquisador/professor da UFCG. Meu papel sempre incluiu o relacionamento com as empresas, talvez por perfil pessoal ou simplesmente porque alguém tinha que fazer este trabalho… Neste período, uma verdade clara: o abismo entre a visão da empresa e a visão da universidade!
Universidades têm uma capacidade de estar na vanguarda tecnológica que empresas, principalmente no Brasil, não têm. Na UFCG, os pesquisadores do Centro de Engenharia Elétrica e Informática são referências mundiais em diversas áreas, representando um ativo intelectual inestimável que pode ser aproveitado pelas empresas para inovar em seus produtos, gerando diferenciais competitivos em nível internacional.
Por outro lado, empresas possuem demandas mais urgentes, relacionadas ainda à sobrevivência no mercado atual, antes mesmo de pensar no mercado futuro. Para a maioria das empresas no Brasil, é inviável economicamente investir em pesquisas cujos resultados sejam artigos científicos publicados, pois as empresas não possuem equipe para transformar o papel em produto. Portanto, o resultado não vai ao mercado, não gera faturamento para a empresa e, o que é ainda pior, não se converte em eventual melhoria para a sociedade. Todos perdem!
Por muitos anos, ouvi empresas se queixando que não conseguiram usar o resultado de um projeto, que universidades não entregam o prometido e que o investimento foi perdido. Em contraponto, os pesquisadores das universidades indicam que as empresas são imediatistas, não querem inovar de forma disruptiva e demandam mais serviços tecnológicos que pesquisa aplicada. Sem entrar no mérito de quem está certo ou errado, é preciso encontrar um ponto de equilíbrio… uma ponte!
O VIRTUS nasceu em 2015 para ser a ponte que liga os dois mundos! Como parte da UFCG, o VIRTUS consegue unir a capacidade intelectual e inovativa de pesquisadores de diversos laboratórios de pesquisa aplicada, em diversas áreas, a uma estrutura de desenvolvimento avançado, com processos ágeis e de qualidade, relacionamento próximo à empresa e garantias de entregas que chegam mais perto do nível de produto. Neste modelo, os pesquisadores se mantêm em suas pesquisas e desafios, contando com um time profissional que consegue transformar o resultado conceitual em soluções de tecnologia em um nível utilizável pela empresa.
O sucesso das parcerias nos últimos anos é um indicador de que o modelo funciona, mas precisa evoluir constantemente na direção de soluções de maior impacto no mercado e na sociedade. Para isso, cabe a nós pesquisadores dar o próximo passo: turbinar os projetos para que incluam cada vez mais características inovativas, disruptivas, mas de uma forma aplicável e com perspectivas mercadológicas. Na medida em que os resultados vão surgindo, reduz-se o abismo, aproximando e aumentando a confiança entre a universidade e a empresa. Todos ganham!